terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A Troca da Guarda





Só mesmo uma caipira do interior de São Paulo (leia "interior" com o "erre" puxado) poderia acordar de madrugadinha, engolir o café da manhã e sair patinando pelas ruas que
amanheceram com uma leve camada de gelo, com a finalidade de assistir a famosa troca da guarda no Palácio de Buckingham.

Não foi tão simples assim, chegamos no ponto de ônibus com um minuto de atraso por conta das escorregadas que levávamos pelas ruas. Acontece que aqui é a Inglaterra, e os ônibus e trens obedecem rigorosamente o horário britânico, não é lenda, não é ficção científica, é real. Chegamos às 8:29 e só vimos a traseira do ônibus indo embora, depois de parar às 8:28 no ponto onde deveríamos estar.

Esperamos o próximo ónibus e seguimos até  Milton Keynes Train Station, onde pegamos um trem para Londres, e depois o metrô até  Victoria Station, andamos por volta de quinhentos metros e lá estava o Palácio de Buckingham, tão lindo e majestoso!

Chegamos exatamente às 11:30 horas, quando iniciam a troca da guarda, porém, antes de nós, chegaram os japoneses, os alemães, os espanhóis, os portugueses, os argentinos, os chilenos, os mexicanos e muitos brasileiros (e como tem brasileiro nesse planeta).

Todos posicionados nos melhores lugares em frente ao Palácio. Ir a Roma e não ver o Papa? O jeito foi subir na grade e manter o equilíbrio para assistir ao espetáculo. 

Confesso que  me senti  ridícula naquela posição, uma mãe de família trepada na grade do Palácio de Buckingham, parecia uma adolescente tietando um pop star. É um misto de sentimentos. 

Há muita beleza naquele  balé marchado de  movimentos precisos,  que misturam passado e presente, tradição e modernidade. É a marca do passado riscando o presente como forma de não ceder à nossa moderna maneira de existir.

E os modernos habitantes do mundo novo portando  ipods, tablets, câmaras fotográficas de última geração brigando pelo melhor lugar para assistir ao velho. Por um momento éramos todos britânicos, súditos da Rainha, alienados pela magia do passado.

A bandeira estava hasteada até o topo do mastro indicando que a Rainha estava no Palácio.
Ela não é minha Rainha, acho até estúpido essa história de Rainha em pleno século XXI, mas se ela tivesse aparecido na janela, eu teria me emocionado.

Não sei que sentimento é este, mas eu estive lá e adorei o que vi, por mais ridículo que possa parecer ser.




Sem comentários:

Enviar um comentário